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domingo, 24 de fevereiro de 2013

O Caráter e as Intenções do Papado parte I


Bento XVI anuncia sua renúncia, e surpreende o mundo. E agora, o que acontece?
O romanismo é agora considerado pelos protestantes com muito maior favor do que em anos passados. Naqueles países onde o catolicismo não está em ascendência, e os papistas estão tomando um curso conciliatório para ganhar influência, existe uma crescente indiferença em relação às doutrinas que separam as igrejas reformadas da hierarquia papal; está ganhando terreno a opinião que, após tudo, não diferimos tão amplamente sobre os pontos vitais como se supunha, e uma pequena concessão de nossa parte irá levar-nos a um melhor entendimento com Roma. Houve tempo em que os protestantes estimavam altamente a liberdade de consciência comprada a tanto custo. Ensinavam aos seus filhos a aborrecer ao papado e sustentavam que procurar harmonia com Roma seria uma deslealdade para com Deus. Mas quão amplamente diferentes são os sentimentos expressados hoje!
Os defensores do papado declaram que a igreja foi caluniada; e o mundo protestante está inclinado a aceitar a declaração. Muitos sustêm que é injusto julgar a igreja de hoje pelas abominações e absurdos que marcaram seu domínio durante os séculos de ignorância e trevas. Eles desculpam sua horrível crueldade como o resultado da barbárie da época e alegam que a influência da civilização moderna modificou seus sentimentos.
Terão essas pessoas esquecido as pretensões de infalibilidade sustentadas durante oitocentos anos por este arrogante poder? Longe de ser abandonada, esta declaração tem sido afirmada no século XIX com maior positividade que nunca antes. Como Roma afirma que a igreja “nunca errou, nem jamais poderá errar”, como pode ela renunciar aos princípios que moldaram seu curso nas eras passadas?
A igreja papal nunca abandonará sua pretensão à infalibilidade. Tudo o que fez em sua perseguição aos que refutavam seus dogmas o mantém como certo; e não repetiria ela os mesmos atos, fosse a oportunidade apresentada? Revoguem-se as medidas restritivas impostas na atualidade pelos governos seculares e seja Roma instalada novamente em seu antigo poder, e haverá rapidamente um reavivamento de sua tirania e perseguição.
Um escritor moderno (JOSIAH STRONG, D. D., em Nosso País, pp. 46-48) assim fala da atitude da hierarquia papal no que tange à liberdade de consciência, e dos perigos os quais especialmente ameaçam os Estados Unidos quanto ao sucesso de sua política:
“Existem muitos que estão dispostos a atribuir qualquer medo do catolicismo romano nos Estados Unidos ao fanatismo ou infantilidade. Os tais não veem nada no caráter e atitude do romanismo que seja hostil às nossas instituições livres, ou não encontram nada portentoso em seu crescimento. Permitamo-nos, então, primeiramente comparar alguns dos princípios fundamentais de nosso governo com aqueles da Igreja Católica.
“A Constituição dos Estados Unidos garante liberdade de consciência. Nada é mais caro ou fundamental. O papa Pio IX,em sua Carta Encíclica de 15 de Agosto de 1854, disse: ‘As absurdas e errôneas doutrinas ou clamores em defesa da liberdade de consciência são o erro mais pestilento – uma peste, que, entre todas as outras, deve ser a mais temida em um Estado.’ O mesmo papa,em sua Carta Encíclica de 8 de Dezembro de 1864, anatematizou ‘aqueles que defendem a liberdade de consciência e de culto religioso’, e também ‘os que declaram que a igreja não pode empregar a força.’
“O tom pacífico de Roma nos Estados Unidos não implica em uma mudança de coração. Ela é tolerante onde é impotente. Diz o Bispo O’Connor: ‘A liberdade religiosa é meramente tolerada até a oposição poder ser levada a efeito sem perigo para o mundo católico.’” “O arcebispo de Saint Louis uma vez disse: ‘A heresia e a descrença são crimes; e nos países cristãos, como na Itália e Espanha, por exemplo, onde todas as pessoas são católicas, e onde a religião católica é uma parte essencial da lei do país, eles são punidos como os outros crimes.’”
“Cada cardeal, arcebispo, e bispo na Igreja Católica toma um juramento de aliança ao papa, no qual se encontram as seguintes palavras: “Aos hereges, afastados e rebeldes contra nosso senhor, o papa, ou seus sucessores, eu perseguirei com todo o meu poder”.
É verdade que existem verdadeiros cristãos na comunhão da Igreja Católica. Milhares naquela igreja estão servindo a Deus de acordo com a melhor luz que têm. Não lhes têm sido permitido o acesso à Sua Palavra e, portanto, eles não discernem a verdade. Eles nunca viram o contraste entre um serviço vivo de coração e um círculo de meras cerimônias e formas. Deus vela com terna compaixão sobre estas almas, como são educadas em uma fé que é enganadora e não satisfaz. Ele fará com que raios de luz penetrem as densas trevas que os rodeiam. Ele lhes revelará a verdade, como é em Jesus, e muitos ainda tomarão posição com Seu povo.
Mas o romanismo, como sistema, não está mais em harmonia com o evangelho de Cristo agora do que em qualquer período anterior de sua história. As igrejas protestantes estão em grandes trevas, pois do contrário discerniriam os sinais dos tempos. A Igreja Romana tem seus planos e maneiras de operação de longo alcance. Ela está empregando qualquer meio para estender sua influência e aumentar seu poder em preparação para um feroz e determinado conflito para readquirir o controle do mundo, para novamente estabelecer a perseguição e para desfazer o que o protestantismo fez. O catolicismo está ganhando terreno em todos os lados (Ver Apêndice, Nota 10). Observe a popularidade de seus colégios e seminários na América, tão amplamente patrocinados pelos protestantes. Observe o crescimento do ritualismo na Inglaterra e as frequentes deserções para as fileiras dos católicos. Estas coisas deveriam despertar a ansiedade de todos os que prezam pelos puros princípios do evangelho.
Os protestantes têm-se ocupado com isso e patrocinado o papado; eles têm feito compromissos e concessões os quais os próprios papistas estão surpresos de ver, e não podem compreender. Os homens estão cerrando seus olhos para o caráter real do romanismo e para os perigos de sua supremacia a serem vislumbrados. As pessoas precisam ser despertadas para resistir aos avanços deste mais perigoso inimigo da liberdade civil e religiosa.
Muitos protestantes supõem que a religião católica não é atrativa, e que seu culto é um tedioso círculo de cerimônias sem significado. Aqui eles erram. Se bem que o romanismo se baseia no engano, não é uma impostura grosseira e deselegante. O culto da Igreja Romana é um cerimonial muito impressivo. Seus ritos solenes e ostentações mostradas fascinam os sentidos do povo e silenciam a voz da razão e da consciência. A vista é encantada. Igrejas magnificentes, procissões imponentes, altares de ouro, relicários de joias, pinturas selecionadas e esculturas primorosas, apelam para o amor do belo. A música é inigualável. As notas graves do órgão de grandes tubos misturados com a melodia de muitas vozes que ressoam por entre as elevadas cúpulas, corredores cheios de pilares de suas grandes catedrais, não podem deixar de impressionar as mentes com respeitoso temor e reverência.
O esplendor externo, a pompa e cerimônias, que somente desiludem os anseios da alma doentia e pecadora, é uma evidência da corrupção interna. A religião de Cristo não necessita de tais atrativos para se fazer recomendável. Nos raios brilhantes da cruz, o verdadeiro cristianismo aparece tão puro e amável que nenhuma decoração externa pode aumentar seu verdadeiro valor. É a beleza da santidade, um espírito manso e quieto, o qual é de valor para Deus.
Esplendor de estilo não é necessariamente indício de pensamento puro e elevado. Elevadas concepções de arte, delicado refino de gosto, geralmente existem em mentes que são terrenas e sensuais. Eles são frequentemente empregados por Satanás para conduzir homens a esquecer as necessidades da alma, a perder a vida futura, imortal, de vista, para desviá-los de seu infinito Ajudador, e para viver somente para este mundo.
Uma religião de cerimônias exteriores é atrativa para o coração não renovado. A pompa e o cerimonial do culto católico têm um poder sedutor, encantador, por meio do qual muitos são enganados; e eles chegam a considerar a Igreja Romana como  a própria porta do Céu. Ninguém, senão aqueles que plantaram seus pés firmemente sobre o fundamento da verdade, e cujos corações estão renovados pelo Espírito de Deus, está protegido contra sua influência. Milhares que não têm um conhecimento experimental de Cristo serão levados a aceitar as formas de piedade destituídas de poder. Uma religião como esta é precisamente o que as multidões desejam.
A afirmação da igreja de ter direito para perdoar, induz os romanistas a sentirem-se na liberdade para pecar; e a ordenança da confissão, sem a qual seu perdão não é garantido, tende também a dar licença para o mal. Aquele que se ajoelha diante de homens caídos, e abre os pensamentos e imaginações secretas do coração a um homem caído, está diminuindo sua humanidade e degradando cada nobre instinto da sua alma. Em descobrir os pecados de sua vida para um sacerdote – um mortal desviado e pecador, e muito frequentemente corrompido com o vinho e licenciosidade – seu padrão de caráter é rebaixado, e é poluído como consequência. Sua concepção de Deus é degradada à semelhança da humanidade caída; porque o sacerdote permanece como um representante de Deus. Esta confissão degradante de homem a homem é a fonte secreta da qual tem brotado muito do mal que está corrompendo o mundo e preparando-o para a destruição final. Ainda assim, para aquele que ama a autocondescendência, é mais agradável confessar-se a um companheiro mortal do que abrir a alma para Deus. É mais agradável para a natureza humana fazer penitência do que renunciar ao pecado; é mais fácil mortificar a carne usando correias, urtigas e correntes lacerantes do que crucificar os desejos carnais. Pesado é o jugo o qual o coração carnal está disposto a carregar de preferência a submeter-se ao jugo de Cristo.
Há uma notável similaridade entre a Igreja de Roma e a Igreja Judaica, no tempo do primeiro advento de Cristo. Enquanto os judeus secretamente pisavam sobre cada princípio da lei de Deus, eles eram exteriormente rigorosos na observância dos seus preceitos, sobrecarregando-a com extorsões e tradições que tornavam a obediência dolorosa e fatigante. Assim como os judeus professavam reverenciar a lei, os romanistas declaram reverenciar a cruz. Eles exaltam o símbolo dos sofrimentos de Cristo, ao passo que negam em suas vidas Aquele a quem esse símbolo representa.
Os papistas colocam cruzes sobre suas igrejas, sobre seus altares, e sobre suas vestimentas. Por todas as partes é vista a insígnia da cruz. Por todas as partes ela é exteriormente honrada e exaltada. Mas os ensinamentos de Cristo são sepultados sob uma massa de tradições sem sentido, falsas interpretações, e rigorosas extorsões. As palavras do Salvador com respeito aos judeus hipócritas, aplicam-se com ainda maior força aos líderes católicos: “Atam fardos pesados e difíceis de carregar e os põem sobre os ombros dos homens; entretanto, eles mesmos nem com o dedo querem movê-los” (Mateus 23:4). Almas conscienciosas são mantidas em constante terror, temendo a ira de um Deus ofendido, enquanto as pessoas que exercem altos cargos na igreja estão vivendo em desejos egoístas por prazeres sensuais e materiais.
A adoração de imagens e relíquias, a invocação dos santos e a exaltação do papa, são enganos de Satanás para afastar de Deus e de Seu Filho as mentes das pessoas. Para assegurar sua ruína, ele se esforça para desviar sua atenção daquele que é o único pelo qual eles podem encontrar salvação. Ele dirigirá as almas para qualquer objeto que possa substituir o Único que disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei” (Mateus 11:28).
É o constante esforço de Satanás deturpar o caráter de Deus, a natureza do pecado e as verdadeiras consequências em jogo na grande controvérsia. Seus sofismas diminuem a obrigação da lei divina, e dão ao homem licença para pecar. Ao mesmo tempo os faz acariciar falsas concepções de Deus, de sorte que O olham com temor e ódio ao invés de amor. A crueldade inerente em seu próprio caráter é atribuída ao Criador; ela é incorporada nos sistemas de religião, e expressada nos modos de adoração. Assim as mentes dos homens são cegadas, e Satanás os segura como seus agentes para guerrear contra Deus. Devido a conceitos pervertidos dos atributos divinos, as nações pagãs foram induzidas a crer que os sacrifícios humanos eram necessários para assegurar o favor da Deidade, e horríveis crueldades têm sido perpetradas sob várias formas de idolatria. A Igreja Católica, unindo as formas de paganismo e cristianismo, e, como o paganismo, mal representando o caráter de Deus, tem recorrido a práticas não menos cruéis e revoltantes. Nos dias da supremacia de Roma, havia instrumentos de tortura para obrigar a aceitarem suas doutrinas. Existia a estaca da fogueira para os que não queriam fazer concessões às suas exigências. Houve massacres em uma escala que nunca será conhecida até ser revelada no juízo. As pessoas que exerciam altos cargos na igreja, dirigidos por seu mestre Satanás, estudavam para inventar meios de causar a maior tortura possível, sem pôr término à vida da vítima. O processo infernal foi repetido até o máximo limite da resistência humana, até a natureza se render, e o sofredor saudar a morte como um doce alívio.
Tal era a sorte dos oponentes de Roma. Para seus membros dispunha da disciplina do açoite, do tormento da fome, e todas as mortificações corporais concebíveis, mais penosas que se possa imaginar. Para assegurar o favor do Céu, os penitentes violavam as leis de Deus, violando as leis da natureza. Eram ensinados a dissolver todo o laço que Ele instituiu para abençoar e alegrar a estadia do homem na Terra. Os cemitérios das igrejas contêm milhões de vítimas, que gastaram suas vidas em vãos empreendimentos para subjugar suas afeições naturais, para refrear como ofensivos a Deus todo pensamento e sentimento de simpatia em favor de seus semelhantes. Se nós desejamos compreender a determinada crueldade de Satanás, manifestada por centenas de séculos, não entre aqueles que nunca ouviram de Deus, mas no próprio coração da cristandade e por toda sua extensão, temos somente que olhar para a história do romanismo. Através deste colossal sistema de engano, o príncipe do mal atinge seu propósito de trazer desonra a Deus e miséria ao homem. Como nós vemos que ele é bem sucedido em disfarçar a si mesmo, e cumprir sua obra por meio dos líderes da igreja, podemos melhor entender porque ele tem tão grande antipatia para com a Bíblia. Se este livro for lido, a misericórdia e amor de Deus serão revelados; será visto que Ele não põe sobre os homens nenhum destes pesados fardos. Tudo o que Ele pede é um coração quebrantado e contrito, um espírito humilde, obediente.

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